Bastão entrelaçado
com duas serpentes, que na parte superior tem duas pequenas asas ou um
elmo alado. Sua origem se explica racional e historicamente pela suposta
intervenção de Mercúrio diante de duas serpentes que lutavam, as quais
se enroscavam em seu bastão. Os romanos utilizaram o caduceu como
símbolo do equilíbrio moral e da boa conduta; o bastão expressa o poder;
as duas serpentes, a sabedoria; as asas, a diligência; o elmo é
emblemático de pensamentos elevados. O caduceu é na atualidade a
insígnia do bispo católico ucraniano. Do ponto de vista dos elementos, o
caduceu representa sua integração, correspondendo o bastão à terra, as
asas, ao ar; as serpentes à água e ao fogo (movimento ondulante da onda e
da chama). A antigüidade do símbolo é muito grande e encontra-se na
Índia gravado nas lápides de pedra denominadas "nagakals", uma espécie
de ex-votos que aparecem à entrada dos templos. Erich Zimmer deriva o
caduceu da Mesopotâmia, onde o vê no desenho da taça sacrifical do rei
Gudea de Lagash (2.600 a.C.). Apesar da longínqua data, o autor
mencionado diz que o símbolo é provavelmente anterior, considerando os
mesopotâmicos as duas serpentes entrelaçadas como símbolo do Deus que
cura as enfermidades, sentido que passou à Grécia e aos emblemas de
nossos dias. Do ponto de vista esotérico, a vara do caduceu corresponde
ao eixo do mundo e suas serpentes aludem à força Kundalini que, segundo
os ensinos tântricos, permanece adormecida e enroscada sobre si mesma na
base da coluna vertebral (símbolo da faculdade evolutiva da energia
pura).
Segundo Schneider, os dois S formados pelas
serpentes correspondem à doença e à convalescença. Em realidade, o que
define a essência do caduceu é menos a natureza e o sentido de seus
elementos que sua composição. A organização por exata simetria
bilateral, como a balança de Libra, ou na triunidade da heráldica
(escudo entre dois suportes) expressa sempre a mesma idéia de equilíbrio
ativo, de forças adversárias que se contrapõem para dar lugar a uma
forma estática e superior. No caduceu, este caráter binário equilibrado é
duplo: há serpentes e asas, pelo que ratifica esse estado supremo de
força e autodomínio (e, conseqüentemente, de saúde) no plano inferior
(serpentes, instintos) e no superior (asas, espírito). A Antigüidade,
inclusive a grega, atribuiu poder mágico ao caduceu. Há lendas que se
referem à transformação em ouro de tudo o que era tocado pelo caduceu de
Mercúrio (observe-se a antecipação que a associação dos nomes
determina, com respeito à alquimia) e a seu poder de atrair as almas dos
mortos. Mesmo as trevas podiam ser convertidas em luz por virtude desse
símbolo da força suprema cedida a seu mensageiro pelo pai dos deuses.
Pesquisa efetuada por: Luiz Carlos Vaini
Bibliografia: Juan-Eduardo Cirlot - Dicionário de Símbolos (Editora Moraes)